Crítica: Kingdom, série sul-coreana da Netflix, mistura espadas e zumbis

Kingdom acerta na mistura de gêneros e revela-se como uma das melhores produções internacionais da Netflix.

Imagem: Netflix/Divulgação
Imagem: Netflix/Divulgação

Reinos + espadas + zumbis = Kingdom

Um dos grandes benefícios da Netflix, que é basicamente um canal televisivo cuja programação é mundial, é que temos a chance de ver ideias variadas vindas dos mais distintos países. Honestamente: quando uma série alemã como Dark poderia fazer o sucesso que fez se não pelas mãos da plataforma? La Casa de Papel, apesar de ter tido carreira na televisão espanhola, só foi um sucesso avassalador quando aportou na Netflix. Kingdom, projeto original sul-coreano é um novo passo na expansão de conteúdo da empresa. E o resultado, novamente, é positivo.

Um dos grandes empecilhos para projetos orientais é a distância cultural. As barreiras, infelizmente, são grandes. Da língua, passando pelo humor e pela abordagem, muito parece distante da realidade chapada da cultura ocidental. Kingdom, para o bem ou para o mal, adota um tom mais sóbrio, próximo das narrativas ocidentais, mas não esquece as raízes. É, do início ao fim, uma produção sul-coreana, e tem orgulho disso. O caminho para o sucesso é ser universal, e o programa consegue. E isso não é vergonha alguma.

Não é apenas uma série de zumbis

Com isso, o show faz uma mistura de gêneros e situações interessantíssima. Ao juntar um reino sul-coreano antigo ao famoso subgênero zumbi, Kingdom conquista aqueles que adoram tais ambientações e ainda é convidativo aos não interessados. Isso porque o roteiro não abusa de nenhum elemento. Não é apenas uma série de zumbi, nem apenas uma trama sobre intrigas palacianas, tampouco sobre artes marciais.

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Aqui, o elemento dos zumbis é desenvolvido com parcimônia. Além disso, o cuidado é tanto que a própria mitologia zumbi é reconstruída com bases próprias. Ainda que os velhos clichês sejam reaproveitados, o roteiro encontra boas formas de renovar os conceitos. Não há pressa em apresentar monstros, tampouco em dar respostas ou apelas ao gore. Há violência em Kingdom, mas ela chega no momento certo e na dose precisa. O mesmo ocorre com o lado dramático da narrativa. Com ares shakespearianos, há toda uma intriga palaciana, envolvendo reis, príncipes e ambiciosos sucessores. Ainsa assim não há nomes em excesso ou muitas informações, o que facilita a vida do espectador.

Ágil, envolvente e agradável aos olhos

No fim, Kingdom é uma das investidas mais curiosas da Netflix. A mescla entre a Coréia antiga e zumbis jamais perde o brilho e o fator curiosidade. Além do roteiro esperto, que ainda encontra espaço para o humor tipicamente coreano, o aspecto técnico é irrepreensível. Da direção repleta de tomadas aéreas e quadros evocativos (a “torre” de zumbis é fantástica) à direção de arte pomposa, Kingdom ainda acerta no tamanho: são seis capítulos ágeis que não deixam espaço para arestas e gorduras.

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Sobre o autor
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Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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