Crítica: Tidelands, série da Netflix com Marco Pigossi, surpreende e vale a maratona

Série australiana estrelada por Marco Pigossi, Tidelands é a nova aposta da Netflix para manter você grudado na TV e em maratona constante.

Imagem: Netflix
Imagem: Netflix

[spacer height=”10px”]

Uma série é a soma de diversos ingredientes. Como toda receita, entretanto, não basta misturar; é preciso medir com exatidão cada ingrediente, para que o resultado seja preciso. Toda criação artística segue a lógica da mistura, da soma de ingredientes. Com séries, entretanto, a receita é mais arriscada. Diferente dos filmes, que giram em torno das duas horas de duração, uma série precisa criar uma narrativa coesa e envolvente que funcione por um longo tempo.

Tidelands, primeira série australiana original da Netflix, está longe da perfeição, mas sabe dosar seus ingredientes com inteligência. É como uma série do canal CW, só que melhorada. O elenco é bonito, a trama é simples, o visual caprichado e os clichês estão por toda parte. A diferença é que aqui os responsáveis sabem o quanto de cada elemento pode ser usado. O teor erótico, por exemplo, é precisamente calculado: as cenas de sexo e nudez não são exageradas e constantes ao ponto de vulgarizar o programa. Tidelands, assim como seus personagens, é sexy e provocante, de modo que queiramos ver mais, saber mais.

Humanos e sereias convivem sob tensão

Na trama, a jovem Cal retorna à cidade natal depois de anos na cadeia. Lá, reencontra o irmão, a mãe (aparentemente responsável por sua prisão), amigos e antigos conhecidos. O problema é que o lar de Cal não é igual aos outros: a população local divide espaço com os tidelanders, seres metade humanos metade sereias. Além disso, uma rede de assassinatos, intrigas, drogas e dinheiro corre solta pelas ruas e casas da cidade.

A ideia parece tola, mas a série encara tudo com seriedade e realismo. Não que o show se leve a sério demais e não se divirta, pelo contrário: os roteiristas e o elenco têm total noção do elemento fantástico, e usam isso a favor da história. A abordagem visual e narrativa, entretanto, é realista, e os tidelanders são totalmente críveis, apesar de sua natureza fantástica. O roteiro encara as criaturas com sobriedade, criando um universo complexo e bem definido, fazendo com que nos interessemos e respeitemos o que está sendo mostrado. Em outras palavras, Tidelands não vira chacota, mesmo que aborde um elemento tão delicado como o de sereias.

Universo realista e dinâmica entre personagens são os atrativos

Um dos grandes acertos da série, aliás, é a construção cuidadosa daquele universo. A aldeia dos tidelanders traz todo o espírito australiano que estamos acostumados a acompanhar na cultura pop. O cenário paradisíaco combina com a natureza selvagem e jovial das criaturas. E a mitologia construída entorno dos personagens é sólida. O grupo possui as próprias regras, leis e estrutura social. As dinâmicas vistas na aldeia e entre humanos e tidelanders é um dos melhores pontos da série, e é o que move a trama, investindo em diversos plot twists e ideias interessantes.

Com isso, Tidelands é mais um drama sobre uma cidade tomada por intrigas e segredos do que uma fantasia habitada por criaturas fantásticas. O elemento fantasioso está lá, mas é apenas um catalisador nas intrincadas relações do local. Logo, Tidelands, assim como X-Men ou Harry Potter, usa a fantasia como ponto de partida para explorar temas humanos, de forte apelo social. É claro que a profundidade dos mares explorados pela série não é tão grande, e algumas discussões atingem o fundo rapidamente, esgotando-se em suas simplicidades.

Presença brasileira em Tidelands

E é claro que não podemos falar sobre Tidelands sem citar Marco Pigossi, o brasileiro que atravessou o mundo para estrelar uma série australiana. Para o orgulho nacional, o ator fez uma ótima escolha. Além disso, segura as pontas e faz um ótimo trabalho. No inglês o sujeito se garante, ficando em pé de igualdade com os nativos. Na atuação ele também faz bonito, sendo um dos personagens mais interessantes do elenco. Numa arriscada reviravolta na carreira, Pigossi deixou a TV brasileira para se aventuras em novos terrenos. E pelo que vimos aqui, o ator tem um futuro brilhante pela frente.

Por fim, assim como as sereias que cantam e encantam suas vítimas, Tidelands se furta de diversas artimanhas para nos hipnotizar. E assim, como não é difícil cair nos encantos das sereias, rapidamente estamos envolvidos pela série, suas tramas e personagens, por mais perigoso e errado que seja.

Um guilty pleasure, afinal, sempre cai bem!

Sobre o autor
Avatar

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

Baixe nosso App Oficial

Logo Mix de Séries

Aproveite todo conteúdo do Mix diretamente celular. Baixe já, é de graça!