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Critica: Scandal retorna transformando Quinn em munição no episódio 7×08

Review do oitavo episódio da sétima temporada de Scandal, da ABC, intitulado "Robin".

Por
Scandal/ABC Divulgação
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Scandal/ABC Divulgação

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A crueldade é real. Isso esmaga a inocência com tanto remorso quanto um tornado de passagem. #TheBookOfRowan

(Twitter de Joe Norton, após reestreia de Scandal)

E aqui estamos de volta para escrevinhar sobre esses episódios finais da saga de Scandal.

Ao encerrar a primeira fase, vimos o embate entre Olivia e Eli Pope disputando a hegemonia do poder ao negociar com a vida da gladiadora Quinn. Tudo naquele momento levou a crer que ela foi morta com dois tiros disparados por Eli Pope no meio do desafio da filha. A dualidade característica da personalidade de Olivia Pope teve seu apogeu exatamente nesta cena. Durante todas as temporadas de Scandal, foi possível vê-la dividida entre dois caminhos a seguir, escolhendo sempre o mais desafiador, mesmo se arrependendo depois. Ao blefar com a vida da amiga, ela arrisca sua cartada mais audaciosa, maior até do que fez consigo mesma ao negociar com seus sequestradores cruéis, lembram disso? (Depois culpou o pobre Fitz, mas isso é passado).

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Agora, aparentemente, ela está perdendo o jogo perigoso para o pai, vamos ver adiante. Ele retorna para a sala perguntando se ela queria ver o corpo. Sua camisa está respingada de sangue, Olivia transtornada recupera o fôlego. Pausa de inverno.

Retomamos  com “Robin”, episódio batizado com o nome da suposta filha de Quinn e Charlie que estava prestes a nascer. Logo no início, descobrimos que um corpo carbonizado numa explosão articulada de forma oculta por Eli Pope foi encontrado com evidencias do DNA de Quinn e restos de seu vestido rendado de casamento. Apenas com essas cenas iniciais já entendemos que algo não se encaixa. O corpo encontrado tem sinais de 2 tiros e uma mulher ainda grávida. Dentes, fios de cabelo e sangue são evidências que podem  ser plantadas pelo mestre das sombras, sabemos disso. Então temos a chave para nos guiar por um novo reencontro com Quinn, desta vez viva, apesar de todos acreditarem que ela morreu.

As cenas seguintes são apenas para fazer de conta que realmente aconteceu o crime. A jogada de marketing dos diretores da série funcionou, embora seu caráter seja duvidoso e até arriscado para com o público fiel, mas como nada é definitivo com Shonda, ela pode mudar novamente a história, por hora sigamos nossos instintos.

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Olivia demonstra remorso, o soldado de chumbo Jake demonstra desprezo e frieza enquanto Eli Pope é um misto de ira e inquietação, somente eles sabem como tudo se deu. A partir disso é que vamos ter que desvendar o mistério antes que ele seja revelado literalmente. Essa ideia é da autora e estamos a seguir suas pistas. Os gladiadores somos nós do lado de fora da tela  investigando e ligando os pontos.

Tudo indica que o martírio de Olivia Pope vai começar e ninguém estará a postos para pular o penhasco com ela de mãos dadas. Huck anuncia sua desconfiança de que a fiel amiga está envolvida na suposta morte, mas é algo maior, ela não matou Quinn, apesar de saber que sua morte seria a solução para encobrir sua escalada patética criminosa. Seu maior erro foi invadir a seara do pai e pensar que poderia supera-lo, ao controlar tudo com o poder enorme que conseguiu engenhosamente criar em torno de si, com consequências nefastas para todos, eis o pecado de Olivia que será julgado.

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De agora em diante, tudo está contra ela, que sozinha escolheu se corromper no poder e isso é evidente. Certamente não foi esse o final que milhões de fãs queriam vê-la chegar. Queríamos mais atitudes heroicas, mais compaixão, mais leveza e graça nas ações da bela moça que ajudou a eleger presidentes e recuperar reputações, mas agora quem  ajudará a recuperar  a sua, se já não tem mais os gladiadores na mesma sintonia espiritual?

Além dos preparativos para o funeral de Quinn, alguns detalhes vão conduzir o público ao desfecho desta fase: Eli Pope conseguiu tudo, eliminou o problema e tem seus ossos pré históricos de volta formatando uma grande incógnita, afinal era uma troca, “Quinn viva ou minha liberdade”.

Temos também um arquivo ocultado num presente para o bebê, recebido sem remetente de última hora na casa de Charlie e Quinn, um prendedor de cabelo que Olivia tomou emprestado do Museu com recibo e tudo, uma aliança que ficou para trás na casa, fotos no computador e finalmente um bebê lindo no quarto de Olivia na casa do pai. Viva! Ainda resta um mínimo de humanidade na mente dos roteiristas!

Olivia não tem mais amigos e nem aliados amantes. Cyrus está de volta ao jogo e podemos antever que o monstro vai ressuscitar com ódio por ter perdido o romance por culpa das trapalhadas cruéis de Jake, que, novamente, interrompeu seu caminho para o paraíso com o objeto amado. Fitz soa como uma sinfonia distante e única reserva de dignidade que restou da história de Scandal, e seu amor incondicional é uma lição, embora muitos o considerem erradamente um equívoco, sem brilho  e sem glamour.

A série não é mais sobre o Poder e a República,  nem é sobre o escândalo do romance proibido de um casal, ela se transformou no pobre e triste embate entre pai e filha e seus traumas não resolvidos. Scandal perdeu o encanto faz tempos e em seu derradeiro momento tenta recuperar o ritmo de outrora, mas não será possível , mesmo fazendo renascer personagens, criando fantasias para o público ou repetindo cenas clichês para agradar alguns.

Fitz virou saco de pancadas de Olivia em 8 episódios consecutivos e a cena da porta na cara se repete desnecessariamente,  bem como a frieza da visita de uma Olivia perturbada na calada da noite, coroada com um beijo e uma cômoda como testemunha, roubada da temporada 1 ou 2, sem a  música tema do casal , aliás sem música alguma, um luto só!

“Seven bullets,Seven memories, Seven shots fired , Seven lives, Seven loves , Seven souls, Inspired” (Sete balas, sete memórias, sete disparos, sete vidas, sete amores, sete almas, inspiraram) escreveu de forma elegante o ator Joe Norton sobre a cena fúnebre em tributo a Quinn, como se ela fosse um soldado patriota. Ali se encerrou simbolicamente a história não apenas da Gladiadora líder, mas de tudo que eles representaram na série.

Os tiros com  balas carregadas com as supostas cinzas de seu corpo se converterão em breve. Quinn será a munição real, transformada em heroína copiada das Crônicas de Gelo e Fogo, tal qual um Jon Snow em Game of Thrones com direito a mais de uma vida. Nos Sete Reinos, a Casa Branca está à beira de um colapso e seus segredos obscuros de Poder serão revelados a todos. O final está próximo.

(MZR)

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