Autor de Game of Thrones revela por que ainda não terminou último livro

Todos sabemos que “a noite é escura e cheia de terrores“, mas essa famosa citação de Game of Thrones assume um novo significado para certos fãs da franquia.

Especificamente, para aqueles que são leitores ávidos da série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin, que serviu de base para a série da HBO. Com uma trajetória única, a adaptação televisiva superou o material original e chegou a um final polêmico, enquanto os leitores dos livros inacabados ficaram à deriva desde 2011, quando “A Dança dos Dragões” foi publicado como o quinto volume de um total de sete planejados. Desde então, os fãs aguardam ansiosamente os dois últimos livros, sem saber quando, ou se, esse dia chegará — e nem Martin parece ter uma resposta clara.

**Por que Os Ventos do Inverno ainda não chegou?**

Game of thrones autor — Imagem: Divulgação.

Pense no final da quinta temporada de Game of Thrones, que foi ao ar em junho de 2015. Agora imagine que, após a cena chocante em que Jon Snow é esfaqueado até a morte por seus “irmãos” na Muralha, você tivesse que esperar mais de uma década para descobrir o desfecho dessa história.

Esse contexto ajuda a entender o trauma não resolvido que quase todos os leitores de As Crônicas de Gelo e Fogo estão sentindo atualmente. Então, por que está demorando tanto?

Por volta dos 24 minutos de sua sessão de perguntas e respostas em Oxford, Martin explicou uma grande mudança que faria em seus livros. Depois de brincar que gostaria de tê-los terminado, ele contou uma história sobre outro autor famoso, Gene Wolfe, conhecido por sua série de fantasia The Book of the New Sun. Wolfe completou os quatro livros antes de enviá-los a uma editora e, como Martin explicou:

“…quando terminou o quarto livro, ele pôde ver as coisas no primeiro livro que não se encaixavam mais: onde a história tinha se desviado, onde havia mudado, então ele pôde voltar e revisar o primeiro livro. E só quando todos os quatro estavam prontos, Gene enviou os livros, que foram comprados e publicados.”

George R.R. Martin é um jardineiro, não um arquiteto

Martin continuou explicando como gostaria de ter tido a liberdade de planejar toda a sua história de Game of Thrones com antecedência. Ou seja, sem precisar se preocupar com prazos, fãs impacientes ou qualquer outro tipo de distração. Ao ouvi-lo falar sobre isso, ele soa quase nostálgico ao pensar em como teria sido mais fácil se ele tivesse escrito As Crônicas de Gelo e Fogo dessa forma.

Como ele disse:

“Isso é algo que eu invejo, mas nunca fiz e nunca poderia ter feito, nem mesmo agora. Acredite ou não, não estou demorando todo esse tempo para escrever Os Ventos do Inverno só porque acho que sou o Gene Wolfe agora. Eu adoraria tê-lo terminado anos atrás, mas sim, essa é a grande coisa que acho que mudaria.”

Em muitos de seus posts no blog pessoal (que você pode conferir aqui), Martin já mencionou que se considera mais um “jardineiro” quando se trata de contar histórias, em vez de um “arquiteto”.

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Basicamente, isso significa que ele tende a criar histórias à medida que as escreve. Descobrindo, então, o destino dos personagens durante o processo — ao contrário de um arquiteto. Este, que planeja todo o enredo desde o início e pode evitar becos sem saída narrativos e desvios desnecessários. Lendo nas entrelinhas, portanto, parece que Martin se colocou em uma situação complicada nos primeiros livros (talvez com a trama de Daenerys Targaryen em Essos?). E agora, gostaria de poder voltar e simplificá-los.

Portanto, fãs de Game of Thrones, será que um dia teremos Os Ventos do Inverno? A resposta é, nunca saberemos, até o dia em que ele finalmente sair. Se sair.

Sobre o autor

Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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