Succession choca o público e entrega seu melhor episódio no 4×03

Succession entrega um dos melhores episódios, chocando o público e mudando os rumos da última temporada. O Emmy de Melhor Série já tem dono!

Succession

Caso a equipe de outra série tivesse esperanças de vencer o Emmy, o melhor é conter as expectativas. Isso porque Succession, com Connor’s Wedding, destruiu a concorrência.

O capítulo mais recente da série da HBO (4×03) é o que “Ozymandias” foi para Breaking Bad há alguns anos. Completamente arrasador, “Connor’s Wedding” mobilizou a audiência, chocando o público e mudando os rumos da última temporada da série.

Divisor de águas definitivo, o terceiro episódio é dividido em dois núcleos que há muito vinham sendo antecipados. Como O Poderoso Chefão, o capítulo se divide em duas ações, indo e voltando nos cenários para construir um mosaico de tensão e choque.

É como o batismo e os assassinatos entrecortados do clássico de Coppola. Em Succession, entretanto, ficamos ainda mais perdidos em meio ao caos que se instaura.

Da – quase – normalidade ao caos

De início, começamos seguindo os irmãos Kendall, Shiv e Roman chegando ao casamento de Connor. Ao mesmo tempo vemos Logan, Tom e seus asseclas embarcando em um avião. O destino é a resolução do negócio com Matsson. O que parecia ser mais um episódio impecável de Succession torna-se um capítulo genial da série.

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Isso porque um telefonema muda tudo. Pelo que Tom afirma, Logan teve um mal-estar e desmaiou no avião. Começa, então, uma intensa discussão para descobrir se Logan Roy morreu ou segue vivo.

O choque se dá por diversos motivos. O primeiro e mais óbvio é pelo fato de não vermos o sujeito passando mal. Recebemos a notícia e processamos a novidade ao lado de seus filhos. Assim como eles, ficamos totalmente perdidos com as palavras que chegam pelo celular.

Em Succession, nem a morte é uma certeza

Mas Succession, esperta e provocativa como é, jamais dá certezas. Logan estaria morto ou apenas pregando uma peça nos filhos? Não vemos corpo, tampouco podemos confiar em Tom. Neste sentido, a série replica a morte de vários líderes e personalidades midiáticas: Logan realmente morreu?

Como toda partida de alguma figura gigante, a de Logan é cercada de dúvidas e mistérios. Nunca vemos o corpo com clareza. O único dos filhos que “vê” o cadáver é Roman, que estava no time do pai antes da tragédia acontecer.

Com isso, Succession brinca com vários acontecimentos bizarros e misteriosos da nossa história e cultura. Além disso, a série opta por se despedir de Logan como se este fosse uma lenda. Não o vemos enfraquecido, não o vemos derrotado. Morreu nos céus, do seu modo, fazendo com que todos andassem perdidos e em círculos no solo.

Episódio tem direção impecável

Por outro lado, o roteiro e a direção tentam humanizá-lo justamente por tratar sua morte como surpresa. Jesse Armstrong, criador e roteirista da série, afirma que a intenção era criar um senso de desespero. Assim, o episódio tenta recriar a situação de uma morte nos dias atuais, que as notícias chegam por telefone ou internet. Por serem imediatas, acabam sendo imprecisas ou apressadas.

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Mark Mylod, diretor do episódio e um dos grandes responsáveis pelo sucesso artístico de Succession, faz um trabalho irretocável! Forte candidato ao Emmy de Direção, Mylod conduz o capítulo com o típico caos organizados que a série desenvolveu nos últimos anos.

Como um voyeur, espia vários acontecimentos de longe. Quando se aproxima, parece se intrometer. Sua câmera filma o que é importante e sua condução de atores é impecável.

Succession

Um novo marco na televisão contemporânea

Gravado como se fosse uma peça teatral, o episódio utilizou aproximadamente três câmeras espalhadas pelo barco que abrigou o casamento de Connor. Com isso, Mylod permitiu que seus atores gravassem em tempo real, sem cortes, reagindo aos colegas de elenco e reviravoltas da forma mais natural possível. O resultado é arte pura, digna dos mais diversos prêmios e elogios.

Prêmios, aliás, que não serão suficientes para todo o elenco. É impossível decidir quem esteve melhor em “Connor’s Wedding“. Jeremy Strong está preciso, como de costume, assim como Sarah Snook.

Mas todos os coadjuvantes brilham notavelmente no episódio. De Matthew Macfadyen e Kieran Culkin, todos têm seus momentos de destaque. Caso alguém não soubesse qual o melhor elenco da TV atual, a resposta está aqui.

Irônico ao trazer todo o elenco fora de terra firme (alguns no ar, outros na água), “Connor’s Wedding” sintetiza tudo o que há de melhor em Succession. Caos e precisão raramente andaram tão unidos e de forma tão bela!

Nota: 5/5

Sobre o autor
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Matheus Pereira

Coordenação editorial

Matheus Pereira é Jornalista e mora em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Depois de quase seguir carreira na Arquitetura, enveredou para o campo da Comunicação, pelo qual sempre nutriu grande paixão. Escritor assíduo na época dos blogs, Matheus desenvolveu seus textos e conhecimentos em Cinema e TV numa experiência que já soma quase 15 anos. Destes, quase dez são dedicados ao Mix de Séries. No Mix, onde é redator desde 2014, já escreveu inúmeras resenhas, notícias, criou e desenvolveu colunas e aperfeiçoou seus conhecimentos televisivos. Sempre versando pelo senso crítico e pela riqueza da informação, já cobriu eventos, acompanha premiações, as notícias mais quentes e joga luz em nomes e produções que muitas vezes estão fora dos grandes holofotes. Além disso, trabalha há mais de dez anos no campo da comunicação e marketing educacional, sendo assessor de imprensa e publicidade em grandes escolas e instituições de ensino. Assim, se divide entre dois pilares que representam a sua carreira: de um lado, a educação; de outro, as séries de TV e o Cinema.

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