Crítica: Westworld insere novos parques em meio ao caos do episódio 2×03

Review do segundo episódio da segunda temporada de Westworld, da HBO, intitulado "Reunion".

Imagem: Divulgação/HBO
Imagem: Divulgação/HBO

“- O que você quer, Dolores?”. “Conquistar este mundo”.

Muito oportuno o título do capítulo dessa semana fazer uma analogia com uma das filosofias de Maquiavel. Para ele, metade de nossas ações é governada pela fortuna, metade pela virtù. E dessa vez, tivemos oportunidade de assistir conflitos vividos pelos personagens quase sem mudanças na linha do tempo. Vimos eles serem guiados por desejos e ganâncias. Tivemos um gostinho do que é a guerra que está por vir. E, a partir daí, ver porque essa temporada promete trazer o caos a Westworld.

Primeiro tivemos o vislumbre do Parque Seis, que fica bem ao extremo da localização, conforme tivemos a certeza ao ver a fuga da abertura. Não foi exatamente o que já esperávamos, sabem, aquele dos Samurais, tão debatido nos mais diversos fóruns no Facebook, mas algo completamente novo. Vimos um parque indiano, no extremo de onde quer que fique localizado. A cena inicial nos deixou entender que não estamos falando de uma linha do tempo diferente. Aliás, nem tivemos essa mudança tão constante na série. Talvez tenha sido um dos maiores elementos surpresa, porque de resto, não tivemos tantas novidades.

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Não desmereço o aparecimento de Peter Albernathy, mas será que esse ressurgimento dele veio no momento certo?

Esperava algo mais espalhafatoso. Não que uma “guerra” não tenha sido suficiente. Porém seu surgimento veio de maneira muito crua. O que salvou mesmo este momento foi seu encontro com a Dolores. Isso era algo que esperava ansioso para acontecer. Aqui também pensamos o fato dela estar obedecendo a narrativa. A emoção ao ver seu pai, naquele estado, a forma como pediu ao Bernard para ajudá-lo… São indícios que me fez questionar ainda mais se ela está ou não vivendo por sua própria vontade.

No diálogo em si, sem muitas novidades. Por um breve momento, é como se eles retomassem aquela conversa do episódio piloto. Depois vemos até onde ele pode chegar, ao Bernard tentar acessar seu sistema. Aqueles poucos segundos onde a expressão de Peter muda para como ele encarou o Dr. Ford há tempos atrás foi muito boa. Mostra que ainda guarda muitos segredos. Sabemos que Charlote conseguiu capturá-lo, mas o perdeu logo depois. Resta saber apenas o que aconteceu neste meio tempo e quem foi responsável pela fuga.

Quanto a Bernard e Dolores, também esperava algo mais profundo. Por um lapso de momento, esqueci que ela só teve conexão com o Arnold. E ela sabe que está lidando com uma pessoa diferente. Mas quando isso aconteceu? Ela sabe disso simplesmente por saber?

O núcleo da Maeve continua sendo um dos mais interessantes e os momentos dela na telinha valem cada centavo da minha assinatura.

À caminho do Forte Esperança Perdida, Maeve “e seus amigos” se deparam com os guerreiros indígenas responsáveis pela morte da filha da nossa rainha da série. Foi um momento único, pois revelou ali a fragilidade humana da Maeve, o que prova que ela consegue ser forte sim, mas incapaz de controlar o sofrimento, antes exclusivo para os humanos.

Imagem: HBO/Divulgação

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Félix voltou para se unir à Maeve e isso deve garantir um aliado de verdade para ela, já que Lee está ali por puro medo. Não que o Félix não tenha começado assim, mas dá para ver que ele sente certa admiração por ela. Lee, a propósito, revelou ter em Hector sua própria narrativa. Existe uma Isabella na vida real, o que faz ele sofrer e, tecnicamente, deveria fazer o anfitrião sofrer para sempre também. Foi uma das melhores cenas dele até hoje.

Shogun World vem com tudo, mesmo que em um rápido nuance, para subverter todas nossas crenças à respeito do que sabemos sobre os anfitriões…

Mais do que vermos o que foi esse início de guerra e saber que o mundo de Westworld é extenso demais, temos a visão dos novos personagens que estão por vir. Tenham certeza de que no próximo domingo começaremos vendo algo completamente diferente, pois essa é a premissa da série. Mas dois segundos como os que vimos aqui já foram de tirar o fôlego.

Está claro que a HBO não está poupando gastos. Até um novo “crossover” com Game of Trones tivemos novamente (ou vai me dizer que a “Mulher Dragão” não te convenceu?). Ao inserir novos ambientes e narrativas, saberemos o quão afetados pelo caos esses outros locais estão e o porquê de não termos sido apresentados para eles antes.

Que Teddy possa continuar sendo este bom moço matador e que Dolores continue explodindo tudo, porque sinceramente, estou amando muito tudo isso!

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VALE O APRENDIZADO: O capítulo tem o nome de um trabalho que estuda duas variáveis fundamentais na Filosofia política de Maquiavel: Virtù e Fortuna. Esses dois conceitos estabelecem um momento inédito na filosofia política até então aplicada. Vemos isso na obra “O Príncipe”.
VIRTÙ: A Virtù de Maquiavel trata-se de um signo valorativo utilizado pelo autor para refletir a um conhecimento prático, técnico da realidade efetiva das coisas. O sujeito possuidor da Virtù é o que obtém êxito em obter e manter o poder.
FORTUNA: A figura da Fortuna representa, assim como a Virtù, uma das formas de aquisição do poder. Contudo, diversamente da Virtù, ela não garante a estabilidade. Para Maquiavel, aqueles que somente pela Fortuna de outros se tornam príncipes, sem grandes esforços, encontram sérias dificuldades em manter o principado.

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