23×05 de Law & Order: SVU faltou ousadia, mas teve acerto

Em mais um episódio da 23ª temporada de Law & Order: SVU, o episódio traz uma discussão sobre a impacto das redes sociais na justiça.

Fast Times @TheWheelhouse, Law & Order: SVU
Imagem: Virginia Sherwood / NBC

Como fã de Law & Order: SVU, vejo todos os episódios como necessários. Os temas são importantes. As discussões são notáveis e as mensagens, por mais frustrantes que as resoluções sejam, são pontuais. Mesmo assim, acredito que o episódio possui um valor diferente para este que vos escreve.

Dediquei minha dissertação à influência das redes sociais no tribunal do júri. Um dos debates deste episódio que, mesmo tímido, acredito que serviu para fazer com que o telespectador entenda os enormes desafios que os novos tempos trazem. Quais problemas e acertos? Vamos discutir!

Em “Fast Times @TheWheelhouse“, temos um grupo de jovens que monetiza sua farta testosterona em redes sociais como Instagram e TikTok. Eles moram numa casa, a tal Wheelhouse do título, onde diversos influenciadores digitais comungam das mesmas estratégias e práticas.

O problema é que os líderes desse grupo usam a proposta da casa para abusar de jovens ambiciosas (e deslumbradas) pela promessa de fama instantânea. Uma das vítimas, contudo, toma coragem e compartilha sua experiência na internet. A partir daí é Olivia Benson (Mariska Hargitay) ao resgate.

Fast Times @TheWheelhouse, Law & Order: SVU
Imagem: NBC / Divulgação

Arranhando a superfície

A proposta, à primeira vista, é realmente muito boa. O problema é a construção da narrativa, que é incrivelmente falha e ruim. O roteiro prefere apelar à superficialidade do que realmente apresentar algo surpreendente e significativo. Um estupro aconteceu numa casa com influenciadores digitais e as redes sociais tumultuaram tudo.

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Mas e aí? Onde está o restante da história? Nós já vimos essa estrutura no caso do O.J. Simpson, irmãos Menendez, assim como o assassinato do Versace e por aí vai. É só trocar o TikTok pela CourTV que as semelhanças estão absurdamente claras. Dessa forma, não há nada de novo, infelizmente.

Acredito que faltou ousadia e ambição por parte dos roteiristas em ir além. Abrir uma discussão sobre algoritmos, por exemplo. Afinal, porque esses canais extremamente tóxicos e de baixa qualidade têm mais engajamento do que criadores de conteúdo negros e LGBTQIAP+? São discussões do momento que estão no noticiário. Por que não tratar disso?

Fast Times @TheWheelhouse, Law & Order: SVU
Imagem: NBC / Divulgação

Law & Order: SVU e seus atores apáticos

Outro problema que me incomoda profundamente são os atores convidados, aqueles que interpretam os vilões e as vítimas, sabe? Pois bem, eles continuam péssimos. Aliás, lembro que foi Law & Order: SVU que apresentou Viola Davis ao mundo. Só para citar um pequeno exemplo da importância dessa série para indústria. Mas, à luz da conjuntura econômica, preferem pagar intérpretes péssimos para viver personagens que horas depois esqueceremos. Ou seja: atrapalha a qualidade do episódio.

No entanto, entendo que é caro e inviável chamar, por exemplo, Jane Levy para fazer uma ponta. Contudo, acredito que há atores muito bons em escolas cênicas de Nova York que mereceriam uma atenção. Ou melhor, uma chance. É preciso, para o bem dos futuros episódios, que a produção resolva esse problema. Além disso, há intérpretes excelentes lá fora, basta procurar e se esforçar um pouquinho mais.

Em suma, Law & Order: SVU acerta no tema. Inegável e indiscutível. O problema é o desenvolvimento, a formulação, construção, assim como apresentação da história. Não há riqueza intelectual. Não há nada de novo ou de inovador. É sensacional, confesso, ver uma série que estreou quando Bill Clinton ainda era presidente, colocando TikTok em voga. Mas é preciso que isso seja feito com propriedade, assim como inteligência.

E então, o que você achou?

Nota: 3/5

Sobre o autor
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Bernardo Vieira

Redação

Bernardo Vieira é um jornalista que reside em São José, Santa Catarina. Bacharel em direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, jornalista e empreendedor digital, é redator no Mix de Séries desde janeiro de 2016. Responsável por cobrir matérias de audiência e spoilers, ele também cuida da editoria de premiações e participa da pauta de notícias diariamente, onde atualiza os leitores do portal com as mais recentes informações sobre o mundo das séries. Ao longo dos anos, se especializou em cobertura de televisão, cinema, celebridades e influenciadores digitais. Destaques para o trabalho na cobertura da temporada de prêmios, apresentação de Upfronts, notícias do momento, assim como na produção de análises sobre bilheteria e audiência, seja dos Estados Unidos ou no Brasil. No Mix de Séries, além disso, é crítico dos mais recentes lançamentos de diversos streamings. Além de redator no Mix de Séries, é fundador de agência de comunicação digital, a Vieira Comunicação, cuido da carreira de diversos criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Trabalha com assessoria de imprensa, geração de lead, gerenciamento de crise, gestão de carreira e gestão de redes sociais.

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